Caminhando na Estrada Cultural

sábado, 12 de fevereiro de 2011

FECHAMENTO DO TEATRO GIL SANTANA

Não é despedida, é um até sempre.

Amigos, simpatizantes, indiferentes, guerreiros, vaidosos, oportunistas, perplexos, amigos, AMIGOS, companheiros de luta. Sim, infelizmente fazer arte tá vinculado com luta. A luta começa desde o momento em que você tem a ideia, junta as pessoas para realizá-las até conseguir o espaço para se apresentar, emocionar, sensibilizar, irritar e sonhar, principalmente sonhar em mudar alguma coisa. Ai precisamos do espaço. Físico. E é justamente desse espaço físico que venho falar. Agradecer a esses 15 anos nesse lugar que eu fui construindo literalmente pedra por pedra, principalmente depois do incêndio. Como uma fênix, ele ressurgiu brilhante, vivo. Ai despertou a cobiça, a inveja, a maldade, a falsidade, que cada um traz dentro de si, pois se o espaço é de luz ele revela as sombras, né? E tem sombra gigantescas, poderosa, que mente, que julga sem presença, que julga contrato de mais de 15 anos como se fosse de 3 a nos. Que lhe dá 15 dias pra ser despejado. Mas deixa isso pra lá. Nesse país, nessa cidade o que conta é o poder. Do dinheiro. Do brasão. Onde a mídia e a sociedade ficam atadas, ou seria CALADA, para não ter que provocar mudança? Desculpem o desabafo, com certeza alguns dirão é apenas “mais um” do louco sonhador.

Que preço a gente paga pelo sonho. Não tem problema. Pago. Paguei. alias to pagando até agora. Alias que fique claro para os que não sabem: que o despejo não é por falta de pagamento, por falta de honrar os seus compromissos. É por falta de respeito e sensibilidade. Mas nem todos sabem desenvolver a que tem. Com certeza se tivessem feito ou visto um bom teatro, não mataria a arte dessa forma tão desumana. Aprendi fazendo teatro que o que importa é o que você faz o outro sentir. E ai você sente junto. O ritual sempre será o mesmo. O da alegria. Vamos fechar mais um teatro. Um teatro simples é verdade, bobo às vezes, mas teatro. Genuíno. De quem acredita no oficio. Falei em cima da sombra, mas esse espaço também trouxe muita alegria, arte, gente maravilhosa que saiu daqui e espalha arte pelo mundo. Daqui a um tempo esse espaço talvez seja mais um restaurante, uma loja, ou outra coisa qualquer. Mas com certeza será sempre lembrado por quem aqui cresceu, virou artista, sonhou, riu, assistiu e cresceu. O que eu quero dizer a vocês, é que mais uma vez a arte, essa coisa que faz com que o homem seja homem de verdade, possa pensar a vida, perdeu um pontinho. Mais vamos tentar fazer uma exclamação logo ali. Ai quem sabe da próxima vez a gente não deixe mais um lugar sagrado fechar as portas.

Obrigado.

Gil Teatro Santana

Gil Santana

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