Caminhando na Estrada Cultural

segunda-feira, 28 de outubro de 2013

"ZÉ TRINDADE - A ÚLTIMA CHANCHADA" - CENTRO CULTURAL CORREIOS

COMÉDIA MUSICAL DIRIGIDA POR JOÃO FONSECA, COM TEXTO E 3 CANÇÕES INÉDITAS DE ARTUR XEXÉO, “ZÉ TRINDADE: A ÚLTIMA CHANCHADA” ESTREIA AMANHÃ DIA 24 NOS CORREIOS
Espetáculo com elementos biográficos e ficcionais homenageia e conta a trajetória de um dos maiores nomes nacionais do humor
É chato ser gostoso”, “Em matéria de mulher, como vamos?”, “Mulheres, cheguei!”, “O negócio é perguntar pela Maria”, “ Caiu na risada, considero castigada”, “Tá mais vazia que barriga de pobre”, esses e outros bordões consagraram Milton da Silva Bittencourt, o Zé Trindade, como um dos principais humoristas do país, agora homenageado na comédia musical “ Zé Trindade: A última chanchada” idealizado por Eduardo Barata, com texto de Artur Xexéo e direção de João Fonseca. “Não escrevi uma biografia convencional. O João Fonseca embarcou na chanchada. O espetáculo desde o início é uma comédia rasgada, ingênua, mas engraçada, com a estrutura das chanchadas: muito humor e música” revela o autor. “O que eu acho mais legal no texto do Xexéo é que ele não é uma biografia, é uma homenagem à comédia e aos comediantes“, retribui João. Com 2 músicos e 8 atores que cantam ao vivo, “ZÉ TRINDADE: A ÚLTIMA CHANCHADA”, realizado com o Prêmio de Montagem Cênica e patrocínio dos Correios,  estreia em 24 de outubro no Centro Cultural dos Correios.
                O espetáculo que conta com elementos biográficos e ficcionais, se passa em 2008 e mostra Zé Trindade morando no céu, porém insatisfeito com a “super nuvem” onde reside. Para mudar de “super nuvem”, Zé recebe uma missão. O ator é enviado de volta a Terra por São Genésio, santo protetor dos comediantes, a fim de convencer, em apenas 60 minutos, um autor em crise criativa a escrever um espetáculo sobre sua trajetória. No céu Zé encontra Dercy Gonçalves, um assessor de imprensa do São Genésio, duas anjas, entre outros. Paulo Mathias Jr encarna o personagem título. “Eu não estou conseguindo dormir de ansiedade com a estreia. Assisti todos os filmes e documentários sobre o Zé. Treinei muito a postura, gestual e o registro da voz, que era muito característico”, detalha Mathias que este ano completa 21 anos de teatro. Alice Borges faz Dercy Gonçalves. Completam o elenco: Rodrigo Fagundes, Rodrigo Nogueira, Helga Nemeckzy, Alexandre Pinheiro, Luisa Viotti e Nêga, além de Mig Martins, violonista, e Lucas Loureiro, percussionista.
                João Fonseca, responsável pela direção de grandes sucessos de público e crítica como “Tim Maia – Vale Tudo” e “Cazuza – Pro dia nascer feliz”, comenta sobre o projeto: “Trabalhar com um espetáculo sobre o Zé Trindade, em relação ao Tim e ao Cazuza, pra mim não faz diferença. O Zé foi muito popular, talvez mais que o Cazuza e o Tim, mas na época dele. As pessoas não lembram porque o Zé é pré televisão, ele fez muito teatro, cinema e rádio, e é exatamente essa a função do espetáculo, dar luz à obra e trajetória desse artista. É muito legal poder fazer essa homenagem e trazer esse trabalho para as novas gerações”.
                Ator, músico, compositor, poeta, comediante de rádio, tv e cinema, Zé Trindade gravou mais de 200 músicas, participou de 39 filmes, escreveu dois livros de humor e um de poesia. Criador do tipo “anti galã conquistador”, pois era baixo, gordinho e com um inconfundível bigode fino, o humorista fazia sucesso no rádio, cinema e também com as mulheres. A história da gíria “paquerar” surgiu com os amigos caçadores. Segundo ele, apesar de não gostar de caçar, acompanhava os amigos e na gíria de caçador, paquerar é ficar na paquera, esperando a caça – a paca – sair. ”O Zé Trindade era engraçado falando qualquer coisa. Ele tinha um jeito cômico natural. Hoje o humor tem outro tempo. Ele tirava graça de toda situação, não era a piada pela piada”, diz Paulo Mathias Jr completado por João Fonseca, “ tenho a lembrança de vê-lo e simpatizo com o Zé. De todos os comediantes, ele era o que eu mais gostava, tinha uma coisa especial”.
                Com biotipo e talento insuperáveis para a comédia, Zé Trindade nasceu em 1915 numa tradicional família baiana e começou a mostrar o seu potencial muito jovem, por volta dos 11 anos de idade, ainda na Bahia. Conquistava a atenção e roubava boas gargalhadas dos clientes de um Hotel onde trabalhava como boy. Dentre os clientes mais ilustres estavam Dorival Caymmi e Jorge Amado. Em 1935 entrou para a Rádio Sociedade da Bahia, integrando o elenco do programa Teatro Pelos Ares, onde vivia um bêbado. Chega ao Rio de Janeiro no ano de 1937 e ingressa na Rádio Mayrink Veiga, completando o elenco de humoristas. Nos 15 anos seguintes seria o melhor cômico do rádio. Na TV chegou a trabalhar com Chico Anysio, além de integrar o elenco do programa humorístico Balança, mas Não Cai.
                Zé Trindade fez uma carreira cinematográfica de sucesso. Sua estreia no cinema foi em 1947 no filme “O Malandro e a Granfina”. Depois vieram: “O Cavalo 13”, “Fogo na Canjica”, “Anjo do Lodo”, “Tocaia”, “O Rei do Samba”, “O Primo do Cangaceiro”, “Tira a Mão Daí”, “Genival é De Morte”, “Treze Cadeiras”, “Rico Ria à Toa”, “Maluco Por Mulher”, “Garotas e Samba”, “Na Corda Bamba”, “O batedor de carteiras”, “Espírito de Porco”, “Mulheres à Vista”, “Viúvo Alegre”, “Os três Cangaceiros”, “Mulheres, Cheguei!”, “Bom Mesmo é Carnaval”, “Assim Era a Atlântida” e “Um Trem Para as Estrelas”, última atuação de Zé Trindade aos 72 anos de idade. O filme de 1987, do diretor Carlos Diegues, concorreu à Palma de Ouro no Festival de Cannes.
               
                De 1954 a 1963, Zé Trindade gravou 25 discos de músicas nordestinas, com trovas e pensamentos. Ele gostava de letras temáticas: marchinhas, músicas de carnaval, natal e São João. Para o espetáculo, além das composições do Zé, Artur Xexéo fez 3 canções inéditas. “Senti a necessidade de criar canções diferentes do estilo do Zé Trindade, como a valsinha do protagonista e sua esposa, Cleusa. Meu processo é ficar cantando a música para não esquecer”, conta o autor-compositor. João Bittencourt, diretor musical, diz: “o que me chama atenção é que todas as letras e músicas têm muito humor”. No total são 13 canções entre marchinhas de carnaval, guarânias, samba, quadrilha, etc.
                “Zé Trindade: A última chanchada” faz parte do projeto do riso idealizado pelo produtor Eduardo Barata, que tem como objetivo homenagear grandes nomes do humor que contribuíram para o desenvolvimento e consolidação desse gênero nas artes. Compõem o projeto os espetáculos “A Garota do Biquíni Vermelho” sobre Sonia Mamede, “A Vingança do Espelho: A História de Zezé Macedo”, além das peças sobre Consuelo Leandro e Ivon Cury, em fase de captação.
                Com 16 anos de carreira, João Fonseca que já dirigiu 40 espetáculos, comenta: “Esse trabalho é muito diferente dos anteriores que fiz, é um musical pequeno mas tem a cara da comédia. Quem conheceu Zé Trindade vai relembrar e quem não conheceu vai ficar curioso para saber mais sobre ele. As pessoas devem admirar nossa história, nosso teatro e todos esses personagens que foram fundamentais para a formação do humor no Brasil”.
 
 
SERVIÇO

Temporada até 01/12.
De quinta a domingo 19h - R$ 20.
Centro Cultural Correios 

R. Visc. de Itaboraí, 20 - Centro  Rio de Janeiro
Lotação: 199 lugares
Classificação: 14 anos
Duração: 90 minutos
Comédia musical

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