Caminhando na Estrada Cultural

sexta-feira, 24 de agosto de 2012

A Poesia da Loucura.

A POESIA DA LOUCURA

Elisa Lucinda e Geovana Pires abrem as portas da Casa Poema para mais um evento.
Desta vez em parceria com a MOSTRA A CENA DA CIDADE, FESTIVAL VOZES EM ALTA, que acontece do dia 20 a 27 de agosto, em vários pontos culturais cariocas.
A Mostra A CENA DA CIDADE busca identificar pontos de contato que servem de moldura para encontro e renovação de linguagens.
Dia 25 de agosto (sábado) a partir das 21h, a Casa Poema apresenta o Recital “A Poesia da Loucura”. Elisa Lucinda, Geovana Pires, alunos e professores da escola, apresentarão o recital com poemas de Adélia Prado, Rodrigo de Souza Leão, Fernando Pessoa, Ferreira Gullar, Ana Cristina César e outros que, com seus versos, iluminam o tema.

Serão distribuídas senhas no local a partir das 19h.
Espaço sujeito à lotação.
Classificação: Livre

Sarau
 
Meus amores, a última quinta do mês é a NOSSA!
É para brincarmos, para colocarmos em prática todo o nosso talento no palco do
Teatro Possível que fica liberado para quem quiser se mostrar: pode ser cantando, dançando, batucando, tocando instrumento, contando piadas, falando poesias, etc. Trata-se de um dia livre para que cada um tenha um espaço para mostrar o seu dom.
O próximo será no dia 30 de agosto. 

A entrada é um livro de poesia, novo ou usado para nossa biblioteca poética.
Venha e traga quem quiser! Este sarau acontece durante todo o ano, em toda última quinta do mês. O ingresso é sempre um livro de poesia novo ou  usado para nossa biblioteca poética.
 
Dia 04 de setembro, terça-feira a partir das 20h
Recital Minha Poesia.
Aguardem!


Fiquem com uma crônica de nossa querida Elisa Lucinda.

Cheirosa Polícia (Parte UM)

“Silêncio. A polícia já cercou o teatro. Toma o palco, mira para a plateia e atira-lhe uma rajada de versos! Êxtase geral!!!!!” não é mentira não, muito menos brincadeira minha. As frases são do convite para o Recital do nosso Palavra de Polícia, Outras Armas, que esteve no último final de semana fazendo esta capacitação com policiais militares e civis, bombeiro e conselheiros tutelares de Lauro de Freitas, na Bahia. Esta atividade integra as ações da ONU, se chama Segurança Cidadã e é promovida pela Organização Internacional do Trabalho-OIT em parceria com a Casa Poema e a Prefeitura Municipal Baiana.  Mas se eu disse só isso, essa informação jornalística do que está acontecendo eu ainda não estou dizendo nada. O que venho aqui falar é do impacto que tem sido no meu coração fazer esse trabalho com a polícia. Estar perto dela. Professora dela. Quem, eu? Me pergunto. A que sempre teve medo de polícia, a que veio de um Estado onde a banda podre tomou quase a laranja inteira, e esta custou muito a se recuperar da doença. Eu, aquela que quando era criança achava tão lindo, tão segura, tão confortante a existência de um guarda num parque, do lado de fora de uma festa, perto dos colégios, próxima aos pontos de diversão, mas que também viu, aos seis anos, em 1964, a polícia que era anjo virar vilã. Eu era criança, mas via notícias dos civis mortos pela polícia, dos jornalistas torturados e desaparecidos pela polícia, meu pai queimando livros ditos subversivos no quintal para que a polícia jamais os encontrasse. Quando eu tinha dez anos, já era o coração de menina, sedimentado no medo. As televisões mostravam os estudantes mortos e eu era pequena, mas era estudante também, gostava de falar alto, vai que sobrava pra mim? Vai ver eu era subversiva e nem sabia e, como a liberdade habitava já os meus movimentos e mares da alma, eu, mesmo não tendo culpa me achava potencialmente errada. Sei lá, só sei que eu tinha medo de cair na mão dos que tinham autorização para matar, só porque alguém pensava diferente deles. O que eu não sabia é que com o passar dos anos, esse medo se tornaria preconceito, fiquei com um pré-conceito da polícia, o mesmo preconceito que muitos têm dos artistas. Um dia, dentro do táxi, um motorista que atende no meu ponto e que já me levou ao teatro para trabalhar algumas vezes me disse, no auge de sua ignorância: “Fico bobo da senhora ser casada” Por quê? eu perguntei. “Ah, eu não servia para casar com atriz não” E por quê?  perguntei outra vez. “Ah, o cara tem que aguentar: a mulher cada dia com um homem, não é mole, não!”. O senhor quer dizer contracenando, fazendo personagens? “Não, aquilo a gente sabe que é mentira. O que eu to falando é que vocês estão cada hora com um homem diferente, pro artista não tem negócio de fidelidade não. Pra mim não serve” Claro que me zanguei, claro que discordei e argumentei lá com ele, mas em verdade o pensamento que ele tem de mim, julgando-me pelo que lhe parece ser, é o que chamamos de preconceito e da mesma maneira psicologicamente construí essa imagem que tem sido quebrada por esse trabalho com o Palavra de Polícia. Tenho conhecido os homens por trás da farda. Sua dignidade, sua condição de pai, de filho, de marido, que sai à rua sabendo que pode morrer. Nós sabemos que podemos morrer a qualquer momento, mas a polícia tem esse risco no seu código de honra. Sua profissão é arriscar-se, seu inimigo, que é o inimigo da sociedade, está armado. O que tenho a lhes dizer é que existe uma polícia, que se tornou polícia para ser esse herói que o imaginário popular pede e esta, está ávida de um diálogo mais próximo com a sociedade e espera que nós a vejamos como sensíveis e valentes homens, dispostos a morrer para nos salvar. E não estamos falando de Cristo. Ainda não acabei, por isso, noutra crônica a este tema voltarei.


 
Abraços poéticos,
Equipe Casa Poema
Rua Paulino Fernandes, nº 15 - Botafogo
Informações: (21)2286-5977 / 9708-9885

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