Elisa
Lucinda e Geovana Pires abrem as portas da Casa Poema para mais um evento.
Desta
vez em parceria com a MOSTRA
A CENA DA CIDADE, FESTIVAL VOZES EM ALTA, que acontece do dia 20 a 27 de agosto,
em
vários pontos culturais cariocas.
A
Mostra A CENA DA CIDADE
busca identificar pontos de contato que servem de moldura para encontro e
renovação de linguagens.
Dia
25 de agosto (sábado) a partir das 21h,
a Casa Poema apresenta o Recital
“A Poesia da Loucura”. Elisa Lucinda, Geovana Pires, alunos e professores
da escola, apresentarão o recital com poemas de Adélia Prado, Rodrigo de Souza
Leão, Fernando Pessoa, Ferreira Gullar, Ana Cristina César e outros que, com
seus versos, iluminam o tema.
Serão distribuídas senhas no local a partir das
19h.
Espaço sujeito à
lotação.
Classificação:
Livre
Sarau
Meus amores, a última quinta do mês é a NOSSA!
É para brincarmos, para colocarmos em prática todo o
nosso talento no palco do
Teatro
Possível que fica liberado para quem quiser se mostrar: pode ser cantando,
dançando, batucando, tocando instrumento, contando piadas, falando poesias, etc.
Trata-se de um dia livre para que cada um tenha um espaço para mostrar o seu
dom.
O próximo será no dia 30 de agosto.
A entrada é um livro de poesia, novo ou usado para
nossa biblioteca poética.
Venha e traga quem quiser! Este sarau acontece
durante todo o ano, em toda última quinta do mês. O ingresso é sempre um livro
de poesia novo ou usado para nossa
biblioteca poética.
Dia 04 de setembro, terça-feira a
partir das 20h
Recital Minha Poesia.
Aguardem!
Fiquem com uma crônica de nossa querida Elisa
Lucinda.
Cheirosa Polícia (Parte
UM)
“Silêncio. A polícia já cercou o teatro. Toma o palco, mira para a
plateia e atira-lhe uma rajada de versos! Êxtase geral!!!!!” não é mentira não,
muito menos brincadeira minha. As frases são do convite para o Recital do nosso
Palavra de Polícia, Outras Armas, que esteve no último final de semana fazendo
esta capacitação com policiais militares e civis, bombeiro e conselheiros
tutelares de Lauro de Freitas, na Bahia. Esta atividade integra as ações da ONU,
se chama Segurança Cidadã e é promovida pela Organização Internacional do
Trabalho-OIT em parceria com a Casa Poema e a Prefeitura Municipal Baiana. Mas se eu disse só isso, essa informação
jornalística do que está acontecendo eu ainda não estou dizendo nada. O que
venho aqui falar é do impacto que tem sido no meu coração fazer esse trabalho
com a polícia. Estar perto dela. Professora dela. Quem, eu? Me pergunto. A que
sempre teve medo de polícia, a que veio de um Estado onde a banda podre tomou
quase a laranja inteira, e esta custou muito a se recuperar da doença. Eu,
aquela que quando era criança achava tão lindo, tão segura, tão confortante a
existência de um guarda num parque, do lado de fora de uma festa, perto dos
colégios, próxima aos pontos de diversão, mas que também viu, aos seis anos, em
1964, a polícia que era anjo virar vilã. Eu era criança, mas via notícias dos
civis mortos pela polícia, dos jornalistas torturados e desaparecidos pela
polícia, meu pai queimando livros ditos subversivos no quintal para que a
polícia jamais os encontrasse. Quando eu tinha dez anos, já era o coração de
menina, sedimentado no medo. As televisões mostravam os estudantes mortos e eu
era pequena, mas era estudante também, gostava de falar alto, vai que sobrava
pra mim? Vai ver eu era subversiva e nem sabia e, como a liberdade habitava já
os meus movimentos e mares da alma, eu, mesmo não tendo culpa me achava
potencialmente errada. Sei lá, só sei que eu tinha medo de cair na mão dos que
tinham autorização para matar, só porque alguém pensava diferente deles. O que
eu não sabia é que com o passar dos anos, esse medo se tornaria preconceito,
fiquei com um pré-conceito da polícia, o mesmo preconceito que muitos têm dos
artistas. Um dia, dentro do táxi, um motorista que atende no meu ponto e que já
me levou ao teatro para trabalhar algumas vezes me disse, no auge de sua
ignorância: “Fico bobo da senhora ser casada” Por quê? eu perguntei. “Ah, eu não
servia para casar com atriz não” E por quê? perguntei outra vez. “Ah, o cara tem que
aguentar: a mulher cada dia com um homem, não é mole, não!”. O senhor quer dizer
contracenando, fazendo personagens? “Não, aquilo a gente sabe que é mentira. O
que eu to falando é que vocês estão cada hora com um homem diferente, pro
artista não tem negócio de fidelidade não. Pra mim não serve” Claro que me
zanguei, claro que discordei e argumentei lá com ele, mas em verdade o
pensamento que ele tem de mim, julgando-me pelo que lhe parece ser, é o que
chamamos de preconceito e da mesma maneira psicologicamente construí essa imagem
que tem sido quebrada por esse trabalho com o Palavra de Polícia. Tenho
conhecido os homens por trás da farda. Sua dignidade, sua condição de pai, de
filho, de marido, que sai à rua sabendo que pode morrer. Nós sabemos que podemos
morrer a qualquer momento, mas a polícia tem esse risco no seu código de honra.
Sua profissão é arriscar-se, seu inimigo, que é o inimigo da sociedade, está
armado. O que tenho a lhes dizer é que existe uma polícia, que se tornou polícia
para ser esse herói que o imaginário popular pede e esta, está ávida de um
diálogo mais próximo com a sociedade e espera que nós a vejamos como sensíveis e
valentes homens, dispostos a morrer para nos salvar. E não estamos falando de
Cristo. Ainda não acabei, por isso, noutra crônica a este tema voltarei.
Abraços poéticos,
Equipe Casa Poema
Rua Paulino Fernandes, nº 15 - Botafogo
Informações: (21)2286-5977 / 9708-9885
Nenhum comentário:
Postar um comentário