Caminhando na Estrada Cultural

domingo, 24 de junho de 2012

Casa Poema Aquele Beijo na TV Brasileira


Olá senhoras e senhores; queridos e queridas; amigos e amigas; amadas e amados.
Acaba de chegar a nova estação: o friozinho gostoso acaba de tirar a máscara do outono, para dar o ar da sua graça de inverno.

A equipe da Casa Poema, Elisa Lucinda e Geovana Pires convidam você a se aconchegar em nosso simpático jardim para tomar um café ou um chá e provar o delicioso bolinho da nossa queridíssima secretária Carmem Lúcia Rosa, que já está se tornando tradição da Casa e do espaço “Café Pessoa”.

Para acompanhar o convite segue abaixo a programação para esquentar a primeira temporada do inverno:

- Sarau da Casa Poema
Dia 28, última quinta de junho, como vem acontecendo todo mês, este é o dia em que abrimos o palco para todos aqueles que querem de alguma forma se manifestar artisticamente, seja lendo um de seus textos, ou falando uma poesia que goste, cantando uma musica, contando uma piada ou tomando coragem na hora para falar aqueles versos que sua avó repetiu para sua mãe, que contou para você quando era criança e que a musica do cara que acabou de se apresentar te fez lembrar!
E quem gosta de curtir um repertório artístico do que tem de mais variado e democrático: a classificação etária é livre e a entrada franca (traga um livro de poesia para nossa biblioteca poética).

 
- Lançamento do Livro de Daniel Rolim Rocha 
Dia 04 de julho, lançará seu livro “Cine Poema - Olho Vivo”. Nosso querido Professor foi premiado por um Edital da Secretaria de Cultura do Estado do Rio de Janeiro. Para esquentar o lançamento os alunos e professores da Casa Poema prepararam um Recital  com poemas do livro.
Serviço:
Dia: 04 de julho
Local: Livraria Blooks Arteplex Botafogo
Horário: 19h

 - Aula Aberta
 Venha assistir uma aula gratuita, no dia 09 de julho (segunda-feira) às 20h, com a presença de nossa querida Elisa Lucinda. Àquele que realizar a inscrição neste dia fica isento da taxa de matrícula.
  
- Oficina de Férias:
Dia 16 ao dia 20 de julho.
 
“TRAZEMOS A PESSOA AMADA, POR SI MESMO, EM CINCO DIAS!”
A Oficina de Férias é aberta a todas as pessoas, de todas as idades e profissões. Mas escolhemos este período de julho especialmente para que os professores possam participar e abastecer seus corações de conteúdo de vida para tirar o segundo semestre de letra, literalmente!

 - Casinha Poema – Colônia da Palavra

 Dias 23 a 27 de julho
Traga seu filho para passar a segunda semana de férias na Casinha Poema: serão cinco dias de brincadeiras criativas, jogos teatrais, atividades artísticas, contação de história e oficina de poesia falada! Opção de ser pela manhã ou à tarde.

- Exposição “Colheita no Outono”
Do outono guardamos para nossos queridos visitantes a delicada exposição de Marcia Cisneiros - "Colheita no Outono de pinturas e desenhos a bordados”, que será hóspede das paredes de nossa Casa Poema com entrada gratuita.
 Serviço:
Exposição – "Colheita no Outono de pinturas e desenhos a bordados”.
Do dia 26 de junho até o dia 26 de julho de 2012.
Horário de Visitação: segunda à sexta de 9h às 18h.

Sinopse:
A exposição nos mostra  o caminho   dessa  artista  nos últimos anos.
Autodidata, Márcia começou a pintar aos 50 anos. Pernambucana de Recife, desde seu  inicio nas artes visuais, mostra com muita garra e cores um universo essencialmente figurativo. Foca na feminilidade e aguça de maneira muito genuína os componentes   fortes e doces do gênero.
Serão expostas 18 obras de Márcia: desenhos, técnica mista com colagem pinturas em acrílica sobre tela e sua grande novidade – o bordado.

 Fiqem com uma crônica de Elisa Lucinda

Aquele Beijo na TV Brasileira

É noite de chuva na Vila de Itaúnas. Desligo a televisão para ouvir melhor a chuva. Adoro televisão. Vejo bons programas, filmes ótimos, fora os dvds que a gente vê. Portanto não teria desligado se lá não estivesse em cadeia nacional uma artista contando sua vida pessoal e só. Esta parece estar sendo, na linha dos realitys shows, um grande entretenimento  dado  ao povo. Não interessa  à minha formação como cidadã o motivo pelo qual ela não se casou com fulano ou cicrano; me interessa o ponto em que nossas vidas se encontram, e a  dela pode influenciar na  de meu país; esse ponto é a arte. Por isso prefiro as ficções cujo conteúdo  nos traduzem com um novo olhar, esclarecedor. Aprendi muitas coisas com algumas novelas, por exemplo. Novela não necessariamente emburrece.  É como diz  meu filho Juliano Gomes: “não se pode condenar um gênero, tipo eu não gosto de teatro;  mas se pode dizer eu não gostei daquela peça”.
 Acabo de desembarcar de uma despretensiosa e ousada dramaturgia. Eu não sei se todo mundo percebeu essa telenovela que o Miguel Falabella botou no prato das sete da mesa brasileira. Escândalo. Porque fiz parte dela, com muita honra diga-se de passagem, me vi em impedimento para sobre ela discorrer estando ainda o time em ação, pareceria proselitismo ou o que seja, sei lá. Mas agora eu falo, o Miguel usou o horário para desfilar  seu humor filosófico, observador, cruel, realista, debochado, lúcido, inquieto e educador em cena. Não estou exagerando, Miguel usou a ficção para desfrutar da originalidade que uma realidade já tem e a ficção quando boa é capaz de alcançá-la.  Com nomes criativos, gordos, magros, pobres, ricos, ladrões, jogadores, vilões de toda a sorte, idade e  tipo, circulavam com riqueza e graça num democrático enredo. Só de pretos tinham dez .Ouvia-se a boca miúda que o autor pegou toda a cota e colocou numa novela só. E é verdade que é discrepante a proporção de negros no casting nacional em relação a teledramaturgia americana, por exemplo. Houve uma noite em que estavam na tela cinco atrizes negras contracenando ,sem ser novela de época na senzala. Eu nunca tinha visto. É uma notícia boa e ruim. Boa porque aconteceu, ruim porque ainda conto, noto e anoto isso.  Quisera que essa reflexão nem me viesse a cabeça. Quisera que esse assunto já estivesse passado a limpo. Numa cena, a personagem da Karen, uma cabelereira negra que está namorando uma personagem do Fred, que era um médico branco recém- separado, este pergunta a namorada por que será que Dalva, a babá negra não aceita aquela união. O personagem então responde: “Minha vó que foi a primeira negra formada em química no país , me ensinou muita coisa e entre elas que sem educação os oprimidos se transformam em opressores. Observe-se que luxo: esta releitura dos nossos funcionamentos sociais estavam espalhados em toda obra, sem maniqueísmos.  A Ana Girafa, travesti que o Luiz Salém fez com bastante carisma e doçura, tenho certeza, desempregnou um pouco da crosta do preconceito, esta invisível catarata que cega e diminui a visão de jovens, brancos, pretos, héteros, homos, pansexuais do mundo inteiro. Na novela do Miguel, o espelho mostra  seus contrários e também  os ilumina:  Travestis são bons, obesos são capas de revista, têm associações de amantes da fartura, banham-se  na internet. Eu ainda não disse aqui que o autor entrava na narrativa, assumindo-se seu arauto, comentarista e condutor de suas reflexões com versos. O homem costurava o texto dos diálogos com a poesia de sua prosa e ainda citava grandes nomes da literatura universal! Um choque. De Cecília Meireles a anônimos jovens autores, o Falabella saiu salpicando poesia no horário onde crianças estão de olho na TV e se distraem assim, com a historinha animada que estão contando pra ela. O caldeirão de ideias desse  autor nos deu uma novela diferente. É possível oferecer um conteúdo aproveitável , já que é esta a grande atração gratuita que o país disponibiliza à nação. Sabedores disso alguns autores  aproveitam  para falar à população aquilo que ela normalmente não ouve, não escuta e nem vê, porque popularizou-se o dogma de que ao povo se deve dar  baixa qualidade não só de roupas, mas de pensamentos também. Ficção é feita para voar  e há de sempre nos fazer, ainda que não queira, cair na real. Há os que escrevem sabendo disso, sorte do Brasil. Aquele beijo. É madrugada, prefiro a chuva.



Nenhum comentário: