Caminhando na Estrada Cultural

quarta-feira, 29 de fevereiro de 2012

MICHEL MELAMED ESTREIA ‘ADEUS À CARNE’ NO SESC GINÁSTICO

Com inspiração carnavalesca, espetáculo tem Bruna Linzmeyer, Michel Melamed, Pedro Henrique Monteiro, Rodolfo Vaz, Thalma de Freitas e Thiare Maia no elenco
 
FOTOS EM ALTA RESOLUÇÃO: www.factoriacomunicacao.com
 
  ‘Da aurora do Brasil - bezerra parida em dor – apesar de tudo, quero a violência do parto (meu vagido de esperança)’
 
Paulo Mendes Campos – Testamento do Brasil
 
Provocação, transgressão e subversão são palavras freqüentemente usadas para definir o trabalho de Michel Melamed. Não é à toa. Na última década, ele despontou no cenário teatral brasileiro com três monólogos marcados pela inusitada mistura de linguagens e o discurso altamente corrosivo. Sucesso de público por onde passaram, ‘Regurgitofagia’ (2004), ‘Dinheiro Grátis’ (2006) e ‘Homemúsica’ (2007) rodaram o mundo, receberam importantes prêmios e renderam a Michel uma bolsa de estudos em Nova York, onde estreou ‘SeeWatchLook’ (2011), montagem que resultou em mais de 400 artigos publicados ao redor do mundo. A temporada no exterior e a volta ao Brasil resultaram em um novo espetáculo, ‘Adeus à Carne’, em cartaz a partir de 24 de fevereiro no Sesc Ginástico.
 
Ele repete a parceria com a produtora Bianca de Felippes (Gávea Filmes) – que o acompanha desde ‘Regurgitofagia’ – e, desta vez, dividirá o palco com um elenco, formado por Bruna Linzmeyer, Pedro Henrique Monteiro, Rodolfo Vaz, Thalma de Freitas e Thiare Maia. O grupo dá continuidade à pesquisa inaugurada em sua trilogia inicial (Trilogia Brasileira), mesclando música, poesia, teatro, performance, artes visuais, body art, stand-up comedy e tecnologia. As diversas cenas que compõem ‘Adeus à Carne’ são estruturadas através de uma linguagem ainda inédita no trabalho de Michel: o Carnaval carioca, mais especialmente o desfile das Escolas de Samba.
 
Conceitos como comissão de frente, carro abre-alas, velha-guarda, ala das crianças e a própria transmissão televisiva da festa são subvertidos e usados para encadear cenas que criticam, ironizam e expõem temas do Brasil contemporâneo, como violência, individualismo e relações humanas. O cenário – assinado por Bia Junqueira – é repleto de engrenagens, estruturas mecânicas e, no embalo da proposta, também cumpre função alegórica, se tornando parte indissociável da encenação.
 
Homens, máquinas e jogos de linguagens
 
‘O título ‘Adeus à Carne’ seria a tradução do latim para Carnaval, mas para mim hoje sugere a despedida da carne, da própria vida. Aponta-se, mais uma vez, para uma sociedade truculenta, em dívida com seus cidadãos’, analisa Michel, que desenvolveu o texto do espetáculo ao longo do período de ensaios, levando em conta experimentos e improvisos do elenco.
 
A ideia central – ou tentativa, como prefere o diretor – é mesmo quebrar a linguagem e desestabilizar, no bom sentido, o espectador. ‘É surpreendendo as expectativas que pretendemos estimular a criatividade, tanto dos artistas envolvidos como do público. O procedimento para isto acontecer se dá com os jogos de linguagens, trabalhando não somente através do livre-trânsito entre as fronteiras, mas fundamentalmente sobre essas fronteiras. Deste modo, diria que é um espetáculo sem sentido, como o país que ele quer retratar’, conceitua.
 
Cada ‘ala’ ou cena do desfile proposto pela encenação tem uma estrutura mecânica-cenográfica própria, peça fundamental para atravessar as tais fronteiras a que ele se refere. Desta forma, entram em cena seis pistas verticais de corrida para que os atores disputem – literalmente – uma ‘corrida de lágrimas’ e ainda dois ‘chuveiros’ com velas, despejando cera quente nas atrizes, o que pode remeter aos choques elétricos recebidos por Michel em ‘Regurgitofagia’.
 
Engana-se, porém, quem imagina se tratar de uma obra hermética e de difícil acesso: ‘Um dos princípios deste trabalho é justamente recusar o fosso falacioso que existiria entre a construção de uma obra baseada em pesquisa e experimentação transgressiva, em diálogo com a tradição; e o entretenimento, o humor, a poesia e a leveza’, afirma o criador.
 
 
ADEUS À CARNE
 
Criação e direção: Michel Melamed
 
Com Bruna Linzmeyer, Michel Melamed, Pedro Henrique Monteiro, Rodolfo Vaz, Thalma de Freitas e Thiare Maia
 
Cenografia: Bia Junqueira
Figurinos: Luiza Marcier
Iluminação: Adriana Ortiz
Direção Musical: Lucas Marcier e Fabiano Krieger
Visagismo: Rubens Libório
Programação Visual: Estúdio Radiográfico / Pedro Garavaglia e Oiívia Ferreira
 
Produção Executiva: Gabriel Bortolini
Direção de Produção: Bianca de Felippes
Realização: Gávea Filmes / Bianca de Felippes e Michel Melamed
Patrocínio:
Prefeitura do Rio - Secretaria Municipal de Cultura- FATE
Governo do Estado do Rio de janeiro- Secretaria de Cultura

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