Caminhando na Estrada Cultural

domingo, 18 de julho de 2010

Marilia Abduani

ESPAÇO
Eu flutuo no tempo improvável, no interminável tempo e ainda me mantenho atenta, ressequida de sombras. Antes, eu trazia o medo pendurado nos ombros nas solidões varadas. O tempo foge. Impossível prender seus rastros expostos na madrugada.Há gritos vindos do nada, fantasmas rondando as ruas, pedradas riscando o ar. E eu sei que estou acordada, saindo de mim pra correr, te encontrar. Apatia. Doentia lentidão, íntima represa. Sou de areia e pedra, luz e dia, fantasia presa. Eu amo esse espaço morto. Gosto de sentir as coisas, o encanto, de me sentir assim, coisinha estabanada sem brilho, sem nada, sem espanto. Sou de silêncios, paragens, de mel repartido. Sou fundo de cesto de cada pomar, de cada manhã, nessa indizível, improvável, inconstante, indivizível saudade. Marilia Abduani http://mariliaabduani.blogspot.com/

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